Um método simples para racionalizar e sair do ciclo tortuoso que não ajuda em nada e apenas aumenta suas preocupações.
"Frequentemente enfrentamos uma série de grandes oportunidades disfarçadas em problemas insolúveis". John Gardner
Todos os dias nos deparamos com problemas. Alguns são fáceis de resolver, outros extremamente difíceis, complicados e às vezes tão complexos que podemos encara-los como verdadeiros desafios. Como lidar com a complexidade da vida moderna e com seus muitos problemas?
Em momentos de extrema dificuldade e pressão ter calma é fundamental para lidar com os problemas. Mas como manter a calma quando tudo parece estar desmoronando ? Bem, realmente não é fácil, mas entregar-se ao desespero também não irá ajudar a tornar as coisas melhores. Então é sobre isso que trata este artigo, sobre como agir em momentos em que a pressão é tão grande que fica difícil manter a calma.
Certa vez estava fazendo uma trilha numa mata e me separei do grupo. E é claro, para quem não conhece o lugar onde está, é fácil se perder. Mas eu tinha um rádio e meu guia estava à frente com outro rádio. E quando comuniquei que estava perdido, meu guia subiu em uma formação rochosa e me perguntou algumas características do lugar onde eu estava e lá de cima ele conseguiu me encontrar. Dai, tendo uma visão melhor da situação, do todo, ele foi me guiando, dizendo para onde ir. O que este acontecimento me ensinou? Primeiro que ter pessoas qualificadas pode ser muito útil em situações complicadas, ter um especialista pode ajudar. Segundo, ter uma visão do todo, pode ser muito bom para ver que caminho seguir. Terceiro, não há nada de errado em pedir ajuda.
Muitas vezes nossos problemas são pesados demais para carregarmos sozinhos. Por isso, peça ajuda de pessoas qualificadas. Se não puder pagar por profissionais, busque ajuda dos amigos que provavelmente te ajudarão de coração. Tente sempre enxergar o problema de outro ângulo, mude o foco. Às vezes o problema parece grande demais porque estamos olhando ele de um ponto de vista incorreto. Sobre isso gostaria de contar outra estória que pode te ajudar a entender o que quero dizer. Talvez você já tenha ouvido ou estudado esta estória de Platão na escola, mas segue um resumo para você refletir. Ao ler, pense se muitas vezes não estamos na mesma situação do personagem e com medo de uma realidade que de fato não existe.
Sócrates constrói um exercício de imaginação com Glauco, falando para o jovem figurar em sua mente uma situação passada no interior de uma caverna em que prisioneiros foram mantidos desde o seu nascimento.
Acorrentados em uma parede, eles somente podiam ver a parede paralela à sua frente. Nessa parede, sombras formadas por uma fogueira num fosso anterior aos prisioneiros eram projetadas. Pessoas passavam com estatuetas e faziam gestos na fogueira para projetar as sombras na parede frontal aos prisioneiros, e esses achavam que toda a realidade eram aquelas sombras, pois o seu restrito mundo resumia-se àquelas experiências.
Um dia, um dos prisioneiros é liberto e começa a explorar o interior da caverna, descobrindo que as sombras que ele sempre via eram, na verdade, controladas por pessoas atrás da fogueira. O homem livre sai da caverna e encontra uma realidade muito mais ampla e complexa do que a que ele jugava haver quando ainda estava preso.
No início, o homem sente um incômodo muito forte com a luz solar, elemento que as suas retinas não estavam habituadas e que o cega momentaneamente. Após algum tempo de visão ofuscada, o homem consegue enxergar e percebe que a realidade e a totalidade do mundo não se parece com nada do que ele tinha conhecido até então.
Tomado por um dilema, de retornar para a caverna e correr o risco de ser julgado como louco por seus companheiros ou desbravar aquele novo mundo, o homem aprende que o que ele julgava conhecer antes era fruto enganoso de seus sentidos, que são limitados.
Repentinamente, um dos prisioneiros foi liberto. Andando pela caverna, ele percebe que havia pessoas e uma fogueira projetando as sombras que ele julgava ser a totalidade do mundo. Ao encontrar a saída da caverna, ele tem um susto ao deparar-se com o mundo exterior. A luz solar ofusca a sua visão e ele sente-se desamparado, desconfortável, deslocado.
Aos poucos, sua visão acostuma-se com a luz e ele começa a perceber a infinidade do mundo e da natureza que existe fora da caverna. Ele percebe que aquelas sombras, que ele julgava ser a realidade, na verdade são cópias imperfeitas de uma pequena parcela da realidade.
Quantas vezes nos assustamos com sombras não é mesmo ? Sabia que a maior parte das coisas que tememos jamais acontecem ? É por isso que as companhias de seguro ganham muito dinheiro, elas fazem apostas com você, elas fazem seguro de eventos que raramente acontecem e por isso elas conseguem ganhar muito dinheiro e ter lucro apesar de cobrar prêmios baixos pelo bem segurado. Daí o que eu quero te dizer é que não há nada de errado em fazer seguro, não é disto que se trata, mas de tentar encarar as coisas dentro da realidade. As seguradoras ganham dinheiro porque sabem que certos eventos acontecem obedecendo certa probabilidade, por trabalhar com essa realidade elas conseguem ajustar seus preços de seguro e ter lucros, mesmo sabendo que certos eventos se sucederão e terão de pagar muito dinheiro pelos seguros. Trabalhar com a realidade a seu favor, é disto que se trata. As sombras projetadas em nossa mente podem ser maiores do que a verdadeira realidade. Por isso, quando estiver muito preocupado e desesperado com alguma coisa, tente refletir também no que realmente significa essa preocupação. Se de fato se justifica ou se não é apenas uma preocupação demasiada com algo que pode nunca acontecer ou mesmo se acontecer, ter um efeito menor do que você imagina.
Em resumo, quando estiver desesperado:
- Mantenha a calma;
- Tente ter uma visão do TODO;
- Peça ajuda de pessoas qualificadas ou que enxerguem o problema de um modo diferente;
- Encare a realidade, trabalhe com fatos;
- E sempre que possível, faça seguro ou tenha um plano B ou algum tipo de Backup.Esteja preparado.